Escolha de nome de estados e de tribos indígenas facilita a localização e tem relação com o sentimento republicano da época.
Quem transita pelo centro de Belo Horizonte provavelmente já observou que a maior parte das ruas recebe o nome de estados brasileiros ou nomenclatura indígena. O que é desconhecido por parte da população é que cada nome tem uma explicação e a organização dessa ordem foi pensada desde o projeto inicial da capital mineira, que completa 124 anos neste domingo (12/12/2021).
O professor e geólogo Alessandre Bosagli explica que o uso do nome de capitais tem relação com o contexto cultural da época da construção da capital mineira, inaugurada em 1897, oito anos após a proclamação da República.
A estratégia também serve para facilitar a localização de quem circula pela região, já que as ruas paralelas seguem uma ordem crescente dos estados mais ao sul para os mais ao norte do país. Ela são cortadas por vias com nome de tribos indígenas.
“Esse foi o plano da comissão construtora da capital para criar dentro do nosso estado e servir como exemplo para todo o país, criar um espírito de nacionalidade, dentro da república recém-criada. Então, adotamos em Belo Horizonte o nome dos minerais, dos indígenas, cidades, estados, rios”.
Algumas vias batizadas com o nome de rios já foram renomeadas. Entre elas, a avenida Paraúna, que foi transformada na avenida Getúlio Vargas e a avenida São Francisco, hoje chamada de Olegário Maciel. A avenida Amazonas, batizada por causa do curso d’água e não do estado nortista, não teve o nome alterado.
Outra via que teve o nome modificado é a antiga avenida Liberdade, hoje conhecida como avenida João Pinheiro. A troca se deu devido à morte do então presidente do estado, João Pinheiro, em 1906, no palácio dedicado às autoridades políticas. O professor Bosagli lembra que ela foi uma das principais avenidas da capital recém-criada no século 19.
Ela era a principal via de Belo Horizonte porque fazia a ligação da região central com a estação ferroviária. Os turistas, políticos e pessoas notáveis que chegavam à estação ferroviária obrigatoriamente precisavam passar por essa avenida para atingir a praça da Liberdade, o palácio do presidente e os edifícios administrativos. Tanto que essa foi uma das primeiras vias a receber embelezamento e arborização.