No próximo domingo (8), às 8h, grupos de ciclistas de Belo Horizonte e da região metropolitana farão campanha em defesa da Serra do Curral. Até agora, 13 grupos de pedal vão viajar da Praça da Liberdade, na zona centro-sul da capital, até a Praça do Papa, em Israel, no bairro Mangaberas.
Segundo o organizador da ação e criador do grupo Thod, Gilberto Gonçalves, de 51 anos, o objetivo é dar um abraço simbólico na Serra do Curral, cartão postal de Belo Horizonte. “É importante que todos nós possamos defender a fauna, a flora, as nascentes e as futuras gerações. A atividade da mineração é muito importante, porém com as duas feridas abertas em Minas Gerais, é preciso tomar muito cuidado e estudar bastante, sobretudo por conta da adutora presente no local”, afirma.
O projeto de mineração também é uma preocupação dos grupos ciclistas
A questão entorno do projeto de mineração da empresa Taquaril Mineração S.A. (Tamisa) aprovado na Serra do Curral, pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), na última sexta-feira (29), também é uma preocupação para as pessoas que praticam o ciclismo.
“Já tem um tempo que estávamos pensando em fazer algo relacionado à Serra do Curral e ao Pico BH, pois temos uma ligação muito forte com esses locais. Os grupos de pedal costumam praticar a modalidade esportiva nesses lugares e, com às últimas notícias, empenhamos para fazer o movimento”, falou Gilberto.
O corredor, onde a mineradora vai instalar o plano para retirar o minério, é usado como trilha por grupos de ciclistas. “Lá está uma antiga linha férrea abandonada, que é patrimônio histórico do Brasil, e, dessa maneira, para fazer qualquer projeto é necessário conseguir aprovação de órgãos públicos. Queríamos fazer a Ouro Trilha, que liga BH a Ouro Preto, e não conseguimos porque ainda não tivemos autorização da DNIT. Agora, como uma mineradora, só porque conseguiu licença do Copam, tomará ‘posse’ da estrada? ”, questionou o organizador da ação.
O acesso ao Pico BH também é outra questão, pois os grupos de pedal não sabem se poderão continuar frequentando o ponto turístico. “Estamos também preocupados se, após a instalação da atividade mineradora, o Pico sofrerá alguma erosão ou dano irreparável. Essas preocupações já nos tomam há muito tempo”, completa Gilberto.
Mesmo estando programado para o Dia das Mães, o organizador conta que é uma ótima oportunidade para defender a ‘mãe natureza’. “Sabemos que muitas pessoas não poderão participar, por conta do Dia das Mães, mas é uma ótima data, já que a ‘mãe natureza’ precisa de todos nós e, como ela não tem, digamos assim, uma voz, nós podemos manifestar por ela”, disse.
O Juntos na Bike é um dos grupos que participarão do movimento desse domingo. “Recebemos o convite e estamos mobilizados a proteger a Serra do Curral e a sua preservação. A partir das redes sociais, fomos nos juntando para defender a causa”, contou Gleiberson Fernando, de 39 anos, e idealizador do grupo esportivo.
O evento terá destinação social e, por isso, não haverá demonstração de apoio ou rejeição a nenhum candidato, político ou partido. “O nosso objetivo não é falar mal de alguém, mas sim fazer um evento mobilizado por mais uma parcela da sociedade que busca conscientizar as pessoas com esse patrimônio nas mãos. Nosso intuito é mobilizar para que o Ministério Público, o Legislativo e o Estado se convençam de que o projeto não é uma boa ideia”, ressalta Gilberto.