Entre tantos pontos de Belo Horizonte, o Xodó na Praça da Liberdade é consenso geracional de que o espaço serve de pano de fundo para muitas histórias ano após ano. “Afinal, a primeira hamburgueria do estado de Minas Gerais renasceu completamente, tornando-se um ponto de encontro e de descanso das famílias”, observa Ana Paula Bragança, que comanda a empresa junto com Juliana Motti e Maria Helena Pereira.
“Sabe aquele momento do fim de semana que a gente guarda na memória, momento de estar com a família comendo aquele milkshake gigante e delicioso? É exatamente isso que o Xodó foi e ainda é para os mineiros! E temos um grande orgulho de estarmos à frente desta marca, que vai além de servir delicias: entregamos aconchego, boas lembranças, aquela nostalgia gostosa”, diz.
O negócio avançou por BH e chegou a ter cerca de 6 lojas na cidade. No entanto, a chegada de outras redes de fast food foi tomando um espaço que era preenchido pelo “xodó da capital”. Por fim, o Xodó voltou a ser um restaurante com apenas uma loja no mesmo local onde nasceu, no encontro da rua Gonçalves Dias com a Avenida João Pinheiro.
Mudanças na gestão e no cardápio
Desde 2017, o Xodó vem passando por mudanças e tentando retomar a alma do negócio que por tantos anos encantou os clientes. Três sócias, Ana Paula Bragança, Helena Pereira e Juliana Motti compraram o espaço com a condição de que deveriam manter a marca. Foi feita uma revitalização do logotipo e do ambiente da loja.
O cardápio também passou por mudanças porque, com o tempo, as refeições acabaram se tornando cada vez mais processadas e sem aquele gosto de comida de verdade responsável pelo sucesso. “Nós reinauguramos o Xodó em dezembro de 2018. Contamos com o chef Paulo Gomide para nos ajudar porque a proposta era trazer um lanche mais saudável e com a cara de BH”, conta Juliana Motti. Assim, os pratos voltaram a ser feitos com alimentos frescos e típicos de Minas. “Por exemplo, nós temos o sanduíche que leva o queijo canastra, a compota de jabuticaba e o barbecue de goiabada”.
Até mesmo um dos itens mais queridinhos da lanchonete passaram por mudanças, a exemplo das tradicionais caldas dos milk-shakes: agora é 30% a menor quantidade de açúcar na composição. Para as sócias, a reformulação tornou os já conhecidos e diferenciados sabores da sobremesa ainda melhores. Além dos clássicos morango e chocolate, o Xodó também é uma opção para quem quer experimentar um milk-shake diferente, como os sabores ameixa, abacaxi, doce de leite e açaí, que vêm com pedaços de frutas.
Afeto
Ana Paula, Helena e Juliana ressaltam que entre as motivações para comprar o espaço, para além das oportunidades de negócio em um dos pontos mais famosos de BH, foram as memórias e o carinho pelo Xodó. Além das lembranças que elas possuem, contam que são vários os clientes que têm histórias marcadas pelo restaurante. “A gente tem muitos testemunhos dali. Muitos relacionamentos foram feitos, pedidos de casamento, pais que levam os filhos porque sentem saudade do Xodó…”, afirma Juliana.
César Gonçalves Viana é funcionário do restaurante há 28 anos e reafirma que o que mais escuta dos clientes são as histórias deles com o Xodó. “Esses dias mesmo eu atendi um cliente que me contou que passou para pegar um milk-shake porque a mãe dele só gosta do sabor de ameixa que só encontra aqui com a gente,” conta o gerente do espaço. Para César, a marca se tornou um patrimônio da cidade. “Eu não consigo ver a Praça da Liberdade sem o Xodó. Quem visita os museus ou vem passear na praça passa no restaurante porque é um ponto muito tradicional de BH”.
Héctory Lúcio Santana, é um desses clientes que tem história com o Xodó. Para ele, nenhum milk-shake é tão bom quanto o que é oferecido lá. “É um dos melhores do mundo, e eu digo isso porque já experimentei a bebida em muitos países. O milk-shake do Xodó é o único que eu conheço feito com polpa de fruta e ganha ainda mais crédito em relação aos demais porque a calda não é artificial, como acontece nas grandes redes fast-food”, diz.
Sempre que sai às ruas, Héctory arruma um jeito de dar uma “esticadinha” até o Xodó. Seu amor pelo restaurante começou quando era criança e continua até hoje, aos 49 anos de idade. Para ele não só a infância, mas todas as fases da vida foram marcadas por momentos no estabelecimento. “Aos meus 7 anos me lembro de já frequentar o Xodó de quinta a domingo porque a minha mãe era expositora da Feira Hippie que acontecia na Praça da Liberdade. Eu ia junto ajudá-la e o meu bônus era ganhar um milk-shake e um beirute”, relembra.
Via: https://www.em.com.br/app/colunistas/helvecio-carlos/2022/07/25/interna_helvecio_carlos,1382314/simbolo-de-varias-geracoes-xodo-na-praca-da-liberdade-chega-aos-60-anos.shtml