Palácio da Liberdade será restaurado após quase 20 anos sem restaurações desse tipo, Entenda!

Palácio da Liberdade será restaurado após quase 20 anos sem restaurações desse tipo, Entenda!

Integrante de circuito cultural no Centro-Sul, ex-sede do governo de Minas entra em obras neste semestre, bancadas com recursos do MP e dos cofres estaduais.

O Palácio da Liberdade, na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, será restaurado após quase duas décadas sem esse tipo de intervenção – a última ocorreu entre 2004 e 2006 –, para preservar ainda mais sua arquitetura, beleza e importância na história mineira. A informação é do secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, que tem a gestão do monumento na sua pasta.

Para a empreitada comandada pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), já estão disponíveis recursos do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), no valor de R$ 5 milhões, fruto de indenizações obtidas em ações civis e acordos judiciais , e do governo estadual, R$ 900 mil, especificamente para a cobertura da construção. “O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) também ofereceu ajuda para o que for preciso”, afirma Leônidas.

Palco e cenário de grandes acontecimentos de Minas Gerais – inaugurado em 1898, foi sede oficial do governo estadual até 2010 e testemunha de inúmeras manifestações populares –, o Palácio da Liberdade integra o Circuito Liberdade, sob gestão da Secult, via Fundação Clóvis Salgado, sendo hoje um equipamento cultural aberto a moradores e turistas.

As obras deverão começar neste semestre, executadas por etapas, sem necessidade de fechamento e interrupção do fluxo de visitantes.

Atualmente, ocorre a consolidação de um diagnóstico sobre cada ação a ser realizada para que o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), responsável pelo tombamento do monumento, conclua o projeto técnico a ser apresentado em breve. 

O procurador-geral de Justiça de Minas, Jarbas Soares Júnior, mostra-se satisfeito com o encaminhamento dos recursos para a restauração “de um dos maiores símbolos do nosso estado”. E explica que o MPMG atua na defesa do patrimônio cultural, na proteção do meio ambiente e outros valores. “Parte dos recursos, oriundos sobretudo de indenizações, é destinada à recomposição dos bens lesados. Dessa forma, serão destinados à Secult recursos para a restauração do Palácio da Liberdade e reparação de problemas que foram verificados nos últimos anos na estrutura.”

Em rede social, Jarbas Soares Júnior postou: “A pedido da Secretaria de Estado da Cultura, o @MPMG_Oficial vai ceder recursos das indenizações obtidas em ações civis públicas/acordos judiciais para a restauração do Palácio da Liberdade, o principal símbolo do nosso estado, palco dos mais importantes momentos da nossa história”.

RESTAURO Reaberta ao público em 9 de outubro de 2021, a construção em estilo eclético tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) tem problemas urgentes que precisam ser resolvidos, entre eles, a situação das calhas em torno do telhado. “Houve uma ação recente com o Corpo de Bombeiros para limpeza, então não há entupimento das calhas. Trata-se de um sistema bem antigo, obsoleto, mas que compõe a construção do fim do século 19. Além da manutenção, é preciso fazer um reforço no telhado, pois as últimas chuvas foram muito fortes, o que demanda um estudo do fluxo das águas”, explica o presidente da Fundação Clóvis Salgado/Secult, Sérgio Rodrigo Reis.

Outro alvo da intervenção é nas varandas do Palácio da Liberdade, donas de uma característica desconhecida da maioria dos belo-horizontinos. “A fachada é de mármore, mas, nas laterais e no interior da edificação, há uma textura ‘marmorizada’ imitando essa pedra. Assim, toda essa parte precisará ser repintada”, informa Sérgio Rodrigo.

O mobiliário também será restaurado (com curadoria), após tantos anos de uso e funcionamento de outros setores antes de o prédio ser reaberto com finalidades cultural e turística. As ações vão contemplar ainda o telhado do coreto, a drenagem do lago artificial e o paisagismo, “para que os jardins mantenham seu desenho original”.

Sérgio Rodrigo adianta que o Palácio de Liberdade terá o Jardim das Esculturas, de forma a valorizar artistas mineiros, com a presença de peças clássicas e contemporâneas. Dessa forma, farão parte do acervo uma obra do renomado Amílcar de Castro (1920-2002), no lado direito, e outra, no esquerdo, do seu aluno, Giovanni Fantauzzi.

HISTÓRIA No final do século 19, Belo Horizonte foi planejada para ser a nova capital de Minas, sendo a Praça da Liberdade o lugar escolhido para abrigar o centro administrativo e o Palácio da Liberdade – sede e símbolo do governo. Conforme estudos, a arquitetura eclética da construção projetada pelo arquiteto José de Magalhães reflete a influência do estilo francês, com requintes de acabamento e riqueza de elementos decorativos.

No interior do palácio, há candelabros em bronze dourado, piso em parquet, lustres de cristal, painéis alegóricos, escadaria principal encomendada a uma empresa da Bélgica e rico mobiliário. Na área externa, podem ser vistos os jardins planejados por Paul Villon, seguindo o estilo inglês, mas alvo de reformulações ao longo do tempo, quando foram incluídos elementos decorativos como esculturas e fontes.

O Palácio da Liberdade se tornou testemunha de fatos marcantes da história de Minas e do Brasil. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), milhares de mineiros protestaram, na Praça da Liberdade, contra os países do Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão, quando navios brasileiros foram torpedeados no Oceano Atlântico.

Um dos momentos mais marcantes do Palácio da Liberdade foi o velório do ex-presidente Tancredo Neves (1910-1985), morto em 21 de abril de 1985. Houve comoção geral. A grade arrebentou, devido à pressão da multidão reunida às portas da sede do governo, e sete pessoas morreram. Na sacada do palácio, a viúva Risoleta Neves (1917-2003), com a voz embargada, pedia calma aos mineiros, apelo dramático para conter o povo aglomerado que queria se despedir do ex-presidente.

Mas a alegria também dominou a praça, que teve grandes celebrações: a posse do presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976), em 1951; a aclamação de Nossa Senhora da Piedade, em 1969, como padroeira dos mineiros; e, bem antes de todos esses fatos, lá em 1920, a recepção aos reis da Bélgica.

De acordo com o Iepha, a última obra de restauração começou em 2004 e terminou em dezembro de 2006. Conforme registro da instituição, “foi uma intervenção global, que assumiu caráter de restauração abrangente; a restauração da cobertura, estrutura complexa de madeira e metal, com claraboia de vidro, foi de grande importância, por sanar graves problemas de infiltrações que prejudicavam o prédio e seu acervo artístico”. 

Via: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2023/03/04/interna_gerais,1464575/r-5-9-mi-para-restaurar-o-palacio-da-liberdade.shtml