Quem usa o transporte coletivo enfrenta ônibus lotados em Belo Horizonte. Um problema recorrente desde o início da pandemia e um descaso que preocupa também especialistas.
O número de passageiros na capital aumentou 83% desde abril do ano passado. É o que mostra um levantamento do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH (Setra-BH).
O total de pessoas transportadas em coletivos, em maio deste ano, foi o maior desde o início da pandemia: cerca de 16,5 milhões de passageiros, mas o reforço nas linhas não acompanhou esse ritmo. O número de viagens cresceu somente 34%.
Ônibus lotados: uma cena que se repete todos os dias e que se torna ainda mais grave considerando a pandemia do novo coronavírus.
“A probabilidade de você ir sentado é zero. A gente não consegue ir sentado. Uma coisa que acontece direto é de idosos cair dentro do ônibus porque não tem onde segurar. Tá surreal”, desabafa a auxiliar administrativo Fernanda Tossatti.
Na volta para casa, a dificuldade é ainda maior. “Os ônibus passam muito cheios, horários ruins, entendeu? Não tem lugar pra sentar, tem gente em pé”, fala a doméstica Jeane Eleutério.
Desde o início da pandemia, quem depende do transporte coletivo encontra ônibus lotados. Com a volta das atividades não essenciais em BH e cidades da região metropolitana, passageiros contam que a situação piorou porque horários foram reduzidos e estão ficando mais tempo nos pontos e nas estações.
As empresas de ônibus alegam prejuízo de quase R$ 34 milhões, mas esse número caiu para R$ 20 milhões depois que a prefeitura da capital antecipou a compra de créditos. Toda semana, R$ 4 milhões são repassados às empresas pela compra antecipada de vale- transporte para os funcionários.
Para o passageiro, é uma conta que não fecha. Com a passagem custando R$ 4,50, Belo Horizonte está entre as cidades com as tarifas de ônibus mais caras do Brasil.
Via: G1